Efeitos Visuais: O que são Visual Effects?
Você sabe o que são efeitos visuais, também conhecidos como visual effects? Neste texto vamos explorar essa área, explicando o que é, como funciona, sua história e evolução.
Vamos abordar também questões mais práticas, como as principais ferramentas usadas pelos profissionais, como é o processo criativo, a formação necessária para atuar nessa área e como se inserir no mercado de trabalho.
Se você é cinéfilo, ama tecnologia e mal pode esperar para iniciar uma carreira de sucesso usando a sua criatividade, vamos te ajudar a entender por que a área de efeitos visuais é uma ótima opção!
Cena de guerra do filme Vingadores: Ultimato (Fonte: Bol)
O QUE SÃO EFEITOS VISUAIS?
A área de Efeitos Visuais, Visual Effects ou VFX é a responsável pela criação de efeitos ou imagens geradas digitalmente, utilizadas na produção cinematográfica para gerar ou manipular imagens (ou efeitos) que não podem ser gravadas fisicamente.
Em outras palavras, é a união daquilo que pode ser filmado com aquilo que é gerado em CGI (Computer Generated Imagery, ou imagens geradas por computador) por produtores de efeitos visuais e equipe.
Esses produtores de efeitos visuais trabalham com os diretores e outros produtores para decidir quais cenas precisam de efeitos e como eles serão inclusos, sempre levando em consideração o roteiro.
Produção do filme Jurassic World (Fonte: Fames Focus)
COMO OS EFEITOS VISUAIS SE DESENVOLVERAM?
A humanidade sempre foi fascinada pelo mundo que a cerca, pelo fantástico e pelo que podemos usar para deixar as histórias que contamos mais ricas e interessantes. Sendo assim, não é nenhuma surpresa constatar que os efeitos visuais já estão conosco há mais de um século.
Início do século 20
Os efeitos visuais surgiram com George Mélliès e sua icônica Viagem à Lua, de 1902, que já utilizava tanto efeitos especiais quanto efeitos visuais, adicionados durante a pós-produção. Isso quase 120 anos atrás!
Anos 20
Vamos avançar vinte anos, quando as coisas começaram a ficar mais interessantes. Em 1925, Willis O’Brien lançou seu famoso O Mundo Perdido, com incríveis animações em stop motion. Dois anos mais tarde, veio Metrópolis, de Fritz Lang, que inovou com o uso do processo de Schüfftan, que utilizava um conjunto de espelhos para inserir atores em um cenário em miniatura.
Cena do filme Metrópolis, de Fritz Lang (Fonte: O Globo)
Anos 50
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, durante os anos 50, o desenvolvimento de tecnologias militares avançadas invadiria de vez o mundo do cinema, modificando para sempre a forma como produzimos os efeitos visuais. Um exemplo disso é a máquina SAGE, salas de controle com múltiplos computadores capazes de acompanhar aviões e foguetes em tempo real, tornando possível os primeiros ambientes virtuais. Filmes icônicos, como Guerra dos Mundos, de 1953, utilizaram esse recurso.
Anos 70
Mas foi nos anos 70, com o desenvolvimento do primeiro software de modelagem 3D, que vimos a grande revolução na área de efeitos visuais. E foi graças a esses avanços que testemunhamos, no fim dessa década, o lançamento de clássicos do cinema como Star Wars e Alien.
Anos 90
Nessa década, vimos James Cameron, com seu pioneirismo, e a Disney, com A Bela e a Fera e a cena da valsa, com o fundo inteiramente renderizado em 3D!
Até hoje, é impossível pensarmos na forma como cinema é feito sem lembrarmos da área de VFX!
Cena da valsa de A Bela e a Fera (Fonte: D23)
EFEITOS VISUAIS OU EFEITOS ESPECIAIS?
A primeira coisa que nos vêm à mente quando pensamos em efeitos visuais é que é a mesma coisa que efeitos especiais.
E é mesmo? NÃO!
A principal diferença está no processo de criação das atividades e em quando elas são adicionadas à obra que estamos criando. Vamos entender melhor essas diferenças.
Efeitos especiais
Efeitos especiais são ilusões adicionadas a uma mídia para simular eventos imaginários. São recursos mecânicos (estruturas físicas, cabos, maquetes, pirotecnia, etc.), ópticos e fotográficos (dupla exposição, efeitos Matte) ou CGI. O profissional responsável pela organização e produção de efeitos especiais é o supervisor de efeitos especiais.
Efeitos visuais
Já os Efeitos Visuais (Os VFX) são recursos geralmente adicionados durante a pós-produção de uma mídia. Isso quer dizer que esses efeitos são inseridos nas cenas já gravadas, ou seja, fora do set de filmagem. Apesar de não acontecer durante a filmagem, a criação de efeitos visuais deve ser cuidadosamente coordenada com outras partes da produção, para que possa ser perfeitamente utilizada. Isso quer dizer que os VFX têm um timing próprio. O profissional responsável pelos VFX é o Produtor de efeitos visuais.
Agora que entendemos a diferença entre essas duas atividades, vamos expandir um pouco mais nosso conhecimento sobre efeitos visuais, dividindo em categorias.
Andrew Turner produzindo efeitos especiais em seu computador. (Fonte: VidVox)
QUAIS SÃO AS CATEGORIAS DOS EFEITOS VISUAIS?
Os VFX não são uma coisa só! Eles são subdivididos em categorias, utilizadas como recursos para atender as necessidades criativas específicas do diretor. Eis algumas dessas categorias:
Efeitos especiais
Sim! Eles são usados como efeitos visuais! Como vimos antes, os efeitos especiais são recursos mecânicos ou ópticos adicionados durante a filmagem para simular efeitos.
Exemplos de efeitos visuais especiais:
- bullet time (ou câmera lenta);
- composição digital;
- CGIs;
- cinematografia virtual.
Matte Painting e fotografia Still
Essas técnicas são representações em pintura e fotografia de um cenário, panorama ou de locais distantes. Elas permitem que o diretor crie a impressão de um espaço maior do que o disponível. São técnicas que se misturam completamente com as filmagens e podem ser quase imperceptíveis, dependendo da habilidade dos artistas.
Modelagem 3D
É a técnica de criar modelos tridimensionais de objetos reais ou imaginários com softwares de modelagem 3D, que são subsequentemente renderizados para criar a impressão de animação, movimento.
Paisagem em matte painting (Fonte: Retoque Digital)
Animação
A animação é o processo de atribuir movimento desenhado ou renderizado (modelos 3D processados por softwares de renderização que recebem os efeitos de movimento) a objetos e personagens, seja em 2D (Desenhistas) ou 3D (3D Artists).
Motion Capture (Captura de movimentos)
Essa técnica, que revolucionou a arte do cinema, consiste na gravação por computador do movimento de um objeto ou ator equipado com sensores. O processo de dispor os sensores é simples, a parte difícil é fazer o resultado das gravações ser fiel ao que queremos representar.
Sistemas ópticos calculam o posicionamento do objeto ou ator, posicionando-o em um ambiente 3D simulado. Sistemas de inércia calculam a aceleração e rotação de cada sensor.
O resultado da gravação de Motion Capture é um conjunto de dados que é processado por um computador para gerar um “esqueleto”, um grupo de pontos articulatórios e “ossos”. Esse “esqueleto” é processado e submetido a alguns processos, como, entre outros:
- criação de uma lista de movimentos;
- edição e arranjo das tomadas;
- captura de dados;
- limpeza de dados;
- edição de dados;
- mapeamento de dados.
O resultado de nosso Mocap (a captura de movimentos) são criações fantásticas com movimentos realistas. Um processo refinado e desgastante, não?
Mocap dos dinossauros do filme Jurassic Park (Fonte: VFXBlog)
COMO É A PRODUÇÃO DOS EFEITOS VISUAIS?
Parabéns! Você foi contratado(a) para trabalhar na produção de efeitos visuais de um grande filme! E agora? O que acontece? Como fazer efeitos visuais?
Pré-produção
O seu trabalho começa na pré-produção. É importante estabelecer um diálogo com o diretor e os outros produtores, definindo prazos, orçamentos e eventuais problemas que podem ocorrer durante a fase de pós-produção. Tenha sempre como guia o roteiro!
Pesquisa e desenvolvimento
O que fazemos então? Primeiramente, P&D: a Pesquisa e Desenvolvimento. Daí sairá um Storyboard e definiremos o design conceitual das tomadas que receberão efeitos visuais.
Suporte ao diretor
Como supervisor de VFX, seu trabalho começa com o diretor, somando-se a criatividade dele com a sua experiência. Isso vai garantir se o que ele imaginou é possível de se fazer, se o projeto está dentro do orçamento e se pode ocorrer dentro do prazo definido. É também nesse momento que escolhemos os aparatos a serem utilizados para a produção, levando em conta o que ficou combinado na fase de P&D, lembram dela?
Posicionamento e iluminação
Durante as filmagens, você, como produtor de efeitos visuais, estará presente para garantir que o Chroma Key esteja bem posicionado e recebendo a iluminação correta. Muita atenção nessa parte! Um Chroma mal posicionado será uma dor de cabeça tremenda durante a pós-produção!
Ainda no processo de filmagem, uma infinidade de dados serão coletados para serem usados durante a pós-produção, como ângulos e lentes de câmera, Clean Plate e HDRI.
Pós-produção
Quando o processo de edição termina, chega a hora de você e sua equipe trabalharem pesado. As tomadas que receberão os efeitos visuais serão escaneadas (caso já não sejam digitais), organizadas e enviadas ao estúdio de efeitos visuais. É agora que você dividirá suas ideias com os 3D Artists, responsáveis por modelar, aplicar shaders e texturas, rigging e binding, animar, iluminar e renderizar os objetos, personagens e cenas em CGI.
Por fim, as cenas receberão o compositing final: elementos das tomadas serão recortados e removidos das cenas gravadas com o Chroma Key, o “fundo verde”. Incorporaremos pinturas Matte e os objetos renderizados para criar os cenários. Não podemos esquecer da limpeza das cenas e de remover os erros de gravação!
Agora que temos uma visão geral sobre o processo, vamos falar um pouco sobre as ferramentas mais usadas.
Comparação de uma cena em Chroma Key sem VFX e uma cena com VFX (Fonte: TecMundo)
QUAIS SÃO OS SOFTWARES USADOS NA CRIAÇÃO DE EFEITOS?
Softwares de efeitos visuais
Quando pensamos em como os efeitos visuais são feitos, um bom número de técnicas nos vêm à mente. Mas como essas técnicas são executadas atualmente? Através de softwares!
Muitos dos softwares utilizados em outras áreas, como a Modelagem 3D, são também utilizados para a criação de efeitos visuais, como Maya, 3Ds Max e Blender. Boa parte desses softwares oferecem licença gratuita de estudante, enquanto outros possuem licença inteiramente gratuita.
Além dos softwares dedicados à geração de CGI, existem também os softwares de composição em vídeo, popularmente conhecidos como comp. Podemos destacar o After Effects, que faz parte do plano de assinaturas Creative Cloud da Adobe, além de softwares como o Autodesk Flame (que possui licença de estudante gratuita, mas só funciona em ambiente Mac), o Nuke ou o Fusion.
Mas é importante lembrar que, apesar de ser indispensável ao processo criativo, a ferramenta não faz o artista: sua imaginação é sua principal ferramenta! É fácil trocar de software quando desejamos, difícil é dominar completamente um deles!
Softwares de Efeitos especiais
Agora que sabemos a diferença entre Efeitos visuais e Efeitos especiais, fica fácil de entender que o processo criativo de ambas as áreas é bastante distinto.
Apesar de sabermos que os efeitos especiais são famosos por suas engenhosas estruturas mecânicas, shows pirotécnicos, cabos, roldanas e polias, muitos dos efeitos ópticos também usados nessa área são trabalhados durante a pós-produção, em conjunto com o produtor de efeitos especiais.
Isso quer dizer que as duas áreas dividem o uso dos mesmos softwares. Ou seja, os softwares listados acima podem ser usados para fazer efeitos especiais também. A grande diferença está em como os efeitos visuais e os especiais são produzidos.
Exemplo de um Software de VFX (Fonte: WonderShare)
QUAL É A FORMAÇÃO DO ARTISTA DE EFEITOS VISUAIS?
Gostou do que leu até aqui? Está considerando trabalhar com efeitos visuais? Então confira aqui várias opções de formação nessa área!
Graduação
Se sua paixão é mesmo a produção de cinema e o desenvolvimento de conteúdo em efeitos visuais, há dois caminhos que você pode seguir na graduação:
Cinema e Audiovisual
O primeiro caminho é a faculdade de Cinema e Audiovisual, que aborda de forma ampla a produção e suas fases, roteirização, fotografia, edição, animação e direção. Lá, você pode se especializar em visual effects, tendo também uma boa ideia das outras áreas envolvidas na criação de um filme, o que ajuda muito.
Produção Multimídia
O segundo caminho é através do curso de Produção Multimídia, que especializa o aluno na produção de conteúdo de modelagem 3D, composição, edição e finalização. A ideia dessa graduação é formar um profissional capaz de criar conteúdo midiático, como curtas, vinhetas e trailers.
Pós-graduação
Após a graduação, você poderá se especializar através de uma pós-graduação em MFA em Animação e Modelagem 3D, por exemplo. O curso foca nas etapas que envolvem a produção de conteúdo, com ênfase em técnicas como:
- criação de narrativas interativas;
- storyboard;
- modelagem;
- rigging;
- animação;
- texturização;
- captura de movimentos;
- renderização;
- color grading.
Conhecimentos extras
É importante ressaltar que além de conhecimentos da própria área, é interessante para o profissional de efeitos visuais conhecer anatomia, modelagem 3D, composição, iluminação, desenho, fotografia, cinema, etc.
Para começar, desenhe, assista a filmes e trabalhos cinematográficos, documentários sobre o desenvolvimento e a história de efeitos visuais. Há muitos conhecimentos envolvidos nessa profissão!
Alunos de graduação estudando efeitos visuais (Fonte: Veda College)
COMO ESTÁ O MERCADO PARA EFEITOS VISUAIS?
O profissional de VFX é amplamente requisitado em trabalhos na área de cinema, videoclipes e marketing. Mas os conhecimentos desenvolvidos ao longo da formação em mídias abrem diversas portas e o capacita para atuar em diversos ramos, como Arquitetura, Games e até mesmo a área de Design de Produtos e Projetos Industriais!
A expansão recente do mercado cinematográfico brasileiro, através da Lei 12.485, que obriga canais a exibirem conteúdo nacional, vem abrindo portas para profissionais de diversas áreas da produção de mídias, viabilizando uma carreira estruturada e sólida para artistas de efeitos visuais.
Há sempre a possibilidade também de construir uma carreira como freelancer. Para isso, monte um portfólio para exibir seus trabalhos, crie uma rede de pessoas conhecidas, o networking e participe de fóruns online. Mostre-se ao mundo!
E agora, empolgado em aprender essa profissão que tem tudo a ver com a cultura pop que consumimos durante nossas vidas? Pronto para crescer profissionalmente e interagir com grandes nomes do cinema e da música? Seja um VFX Artist!