Exemplo de efeitos visuais em Vingadores

Josh Brolin interpretando o personagem Thanos em Vingadores (fonte: No Film School)

Neste texto, vamos continuar nossa conversa sobre Visual Effects, os efeitos visuais. Aqui, nossa ênfase será na produção desses efeitos. Afinal, como fazer efeitos cinematográficos? Falaremos também um pouco sobre o processo criativo.

Primeiro, vamos a alguns conceitos básicos:

EFEITOS ESPECIAIS OU VISUAIS?

Essa questão causa muitas dúvidas em quem ainda está descobrindo essas áreas, mas há diferenças enormes entre as duas. São áreas gêmeas, com objetivos parecidos, histórias parecidas e até ferramentas parecidas, mas processos bastante opostos!

Efeitos especiais

Os efeitos especiais são criados por meio de estruturas mecânicas (roldanas, polias, cabeamento, maquetes, pirotecnia), ou óticas (dupla exposição, efeito Matte, processo Schufftan). Incluem até maquiagens especiais e efeitos atmosféricos, como névoa, chuva, vento e até mesmo neve no próprio set de filmagens!

O trabalho de um produtor de efeitos especiais é intenso e costuma ser maior durante o processo de filmagens, que é quando os efeitos especiais são produzidos.

Efeitos visuais em Mad Max

Efeitos visuais no filme Mad Max, dirigido por George Miller (fonte: CineMundo)

Efeitos visuais

Já o produtor de efeitos visuais é responsável pela criação de efeitos através de meios digitais, ou seja, manipula ou cria imagens que não podem ser geradas por meios convencionais. Por isso seu trabalho se concentra principalmente no período de pós-produção de nosso filme, série, comercial, etc. 

Podemos dizer, assim, que o profissional responsável pela produção de Visual Effects, o supervisor de Efeitos Visuais, combinará as CGIs (as imagens geradas por computador) com as cenas filmadas. Ele trabalha junto ao diretor a e outros produtores para decidir como os efeitos visuais serão inseridos em cada cena.

ETAPAS DA PRODUÇÃO DE EFEITOS

Pré-produção

 

Nossa equipe em posição, as filmagens a todo vapor e a edição trabalhando firme, e aí? É agora, começamos a produzir nossos efeitos? Será que é seguro iniciar a edição dos efeitos às nossas filmagens?

Calma! Se apressarmos os processos, corremos o risco de perder ótimas oportunidades e soluções de efeitos visuais, bem como há chances de nem conseguirmos entregar um bom trabalho. É a carroça na frente dos bois!

Antes de tudo, você, como coordenador de efeitos especiais, deve dar atenção especial ao roteiro, gerar tanto um orçamento quanto um planejamento com os prazos bem definidos.

Efeitos especiais em Transformers

Michael Bay ajudando a coordenar efeitos visuais no filme Transformers (fonte: Btlnews)

Na fase da pré-produção, você e sua equipe trabalharão na P&D – a Pesquisa e Desenvolvimento. Isso nada mais é que estudar o roteiro e discutir ideias com diretor e equipe para definir quais cenas e tomadas receberão os efeitos visuais. É dessa fase que nascerá um Story Board e um design conceitual que definirá quais processos serão usados.

Essa fase é fundamental para compreendermos a visão do diretor para o projeto. Também é quando definimos se o orçamento é suficiente ou até se o que será feito é plausível.

Durante as filmagens, o coordenador de efeitos visuais e a equipe coletam certos dados, como ângulo e lentes de câmera, clean plate, HDRI. Esses dados serão usados durante a pós-produção para definir como os efeitos serão aplicados às cenas.

Também é preciso ter certeza de que as coisas estão funcionando de forma correta. Conferir, por exemplo, se o Chroma Key está bem posicionado e se a iluminação que ele recebe está correta, ou se há pontos de tracking suficientes. Esse tipo de coisa causa muitas dores de cabeça durante o processo de pós-produção.

Efeito visual shading sendo aplicado

Efeito visual shading sendo aplicado (fonte: Toon Boom)

Produção

Terminadas as filmagens, edições quase completas e agora? É agora que o trabalho pesado começa!

É a hora de começar a trabalhar as cenas que receberão os efeitos visuais. Se já não forem digitais, serão escaneadas e enviadas ao estúdio de Efeitos Visuais, onde as tarefas serão divididas entre os artistas. 

Os 3D artists serão postos em ação, prontos para criar modelos de criaturas, objetos e cenários (que também podem ser pinturas Matte, tudo depende da decisão do supervisor de efeitos visuais). Esses artistas serão responsáveis pelos seguintes processos:

  • modelagem;
  • texturização;
  • shading;
  • rigging;
  • animação;
  • iluminação;
  • renderização.

Por fim, as filmagens que utilizaram Chroma Key serão selecionadas para receber os elementos dos cenários digitais. Alguns outros cenários receberão as pinturas Matte, que é quando duas imagens são combinadas para formar um fundo (ou seja, o cenário). 

E então, vamos à composição.

Composição

Essa é a fase em que adicionaremos os objetos, cenários, sejam virtuais ou matte, às nossas filmagens. Essa é a fase final do nosso Pipeline, a linha de criação de Efeitos Visuais. O trabalho de um “compositor” talentoso é o de fazer um sanduíche de diversos objetos e camadas de efeitos criados com as filmagens originais.

Complicado? Vamos ilustrar com um exemplo prático: 

Imaginemos que a produção tenha feito filmagens de uma cidade com foco em um prédio em primeiro plano, essa é a nossa clean plate, ou seja, uma filmagem sem efeitos. O 3D artist preparou uma animação de um míssil e o artista de efeitos visuais adicionou efeitos de fumaça, de explosão e de destruição. 

Pipeline feito no blender para a serie O Homem no Castelo Alto (fonte: Blender)

Uma vez renderizados todos esses objetos, o compositor começará a adicionar as camadas do míssil, fumaça e a destruição do prédio nas filmagens, utilizando ferramentas como correção de cores e Z-depth, que é uma simulação de profundidade de campo.

O compositor pode até mesmo construir mundos! 

Sua rotina inclui, por exemplo, correção de cores, evitando que as suas cenas fiquem destoantes do resto do filme, ou ainda, se há necessidade de inserir pinturas Matte e decidir sobre os elementos que vão nessas pinturas. Pode ser também o responsável pela rotoscopia, que é um dos processos para destacar e mascarar objetos, diferenciando-os dos elementos da cena que receberão os efeitos visuais.

A Compositing, ou Composição, é criada através de uma variedade de meios, mas os mais comuns sãos softwares como Blender Compositor, Autodesk Flame, BlackMagic Fusion ou o Nuke, da Foundry.

Resumidamente, é dessa forma que criamos efeitos visuais. Um processo complexo e que gerará desafios únicos a cada novo trabalho. É sempre importante manter-se flexível como profissional para evitar que os mesmos erros se repitam a cada nova fase de criação!

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