GAMIFICAÇÃO: SAIBA TUDO SOBRE JOGOS EDUCATIVOS, PERSUASIVOS E ADVERGAMES
Não importa a sua área de atuação, de educação a marketing, uma coisa sempre será essencial: o engajamento do seu público. E é por isso mesmo que tanto a gamificação quanto os jogos sérios são cada vez mais populares! Afinal, eles são uma forma criativa e inovadora de conquistar o interesse de qualquer tipo de usuário.
Jogos não são restritos a crianças e adolescentes, sendo cada vez mais populares entre todos os públicos. De acordo com a Pesquisa Game Brasil, em 2020, 73,4% da população brasileira afirmou jogar jogos eletrônicos, em diversas plataformas. Isso demonstra um crescimento de 7,1% em relação ao ano anterior.
Os games têm cada vez mais presença na vida das pessoas. Com isso, a gamificação se torna uma ferramenta cada vez mais poderosa. Independente da sua área de atuação, saber gamificar seus processos é – e será cada vez mais – valorizado. Mas o que exatamente é a gamificação e porque é importante você estar por dentro disso?
Desenvolvimento de jogos sérios por alunos de escola pública. (Fonte: Catraca livre)
O QUE É GAMIFICAÇÃO?
Como o nome indica, gamificação, ou gamification, em inglês, é a aplicação de mecânicas ou sistemas de jogos em outras áreas ou contextos. Quando inserimos elementos de jogos na educação, saúde, marketing e até afazeres domésticos, nós tornamos as atividades mais prazerosas e interessantes, aumentando a produtividade e o engajamento do usuário.
Onde podemos usar a gamificação?
Imagine que você precisa limpar sua casa. É muito mais fácil se motivar se todos os moradores criarem um jogo no qual quem limpa mais rápido recebe um prêmio do mais lento, ou quem consegue juntar mais lixo escolhe qual será o jantar. Reparou como uma tarefa pode rapidamente se tornar um jogo? É exatamente isso que chamamos de gamificação. Alguns dos elementos essenciais para gamificar são a competitividade e a premiação, pois eles aumentam o ânimo e a produtividade, criando um ambiente mais divertido e produtivo para todos.
Podemos aplicar essa lógica em diversos níveis, criando sistemas cada vez mais complexos. Expandindo ainda mais nosso exemplo anterior, é possível criar um sistema para calcular quem limpa mais durante um mês inteiro, com pontuações diferentes para cada lugar da casa que a pessoa limpou: lavar o banheiro valeria 3 pontos, enquanto varrer a sala, 2.
Mas não precisamos nos prender a tarefas domésticas! A gamificação pode ser usada para auxiliar o aprendizado, incentivar o exercício físico, aumentar a produtividade na área de trabalho e até ampliar o engajamento em propagandas! Para isso, os desenvolvedores de games estudam diversas técnicas de gamificação e, através delas, criam jogos sérios.
Gamificação nas atividades físicas e treinos corporais. (Fonte: Globo)
O QUE SÃO OS JOGOS SÉRIOS NA GAMIFICAÇÃO?
O nome “jogo sério” pode parecer um pouco contraditório, afinal, jogos são feitos para divertir. E, de fato, o objetivo de um jogo sempre será entreter o usuário. Porém, com o tempo e o aumento da gamificação, as pessoas perceberam que games têm o poder de transmitir uma mensagem. Nos jogos sérios, a diversão se torna um objetivo secundário para que eles possam focar em uma função além do entretenimento. Em geral, são três as principais finalidades: marketing, educação ou conscientização.
Jogos sérios são um resultado direto da gamificação. Eles não apenas adéquam mecânicas de jogos a outras áreas, e sim inserem nelas jogos completos. Podemos ver a diferença entre gamificação e jogo sério ao comparar dois aplicativos: Heartbit e Zombies, Run!
Gameficação na educação, ajudando na atenção e interesse dos alunos. (Fonte: Planneta Educação)
Heartbit x Zombies, Run!
Heartbit é um aplicativo onde você recebe pontos e medalhas de acordo com a sua frequência de exercício. Não só ele te deixa compartilhar – e comparar – seu avanço com amigos, mas também permite que você troque esses pontos por diversos produtos e serviços reais. O app não é um jogo, mas se utiliza da gamificação para incentivar seus usuários através de sistemas de recompensa e competição comuns a games.
Já Zombies, Run! é um jogo de celular no qual, para jogar, é necessário correr na vida real. Através de áudios, você recebe instruções e segue uma narrativa pós apocalíptica para escapar de zumbis e coletar recursos para a sua base. O movimento físico é a única forma de controlar seu personagem, além de acrescentar à imersão. Ambos os exemplos são aplicativos que incentivam o exercício físico aeróbico, porém somente Zombies, Run! é um jogo completo.
A importância da mensagem
É importante lembrar que fazer um jogo sério é completamente diferente de simplesmente incluir uma propaganda ou lição de moral no meio de um projeto já existente. Um bom jogo sério não existe sem sua mensagem, que deve estar completamente atrelada à narrativa e à mecânica. É um jogo feito com o propósito de transmitir uma mensagem e, por isso, ela precisa ser o núcleo do jogo. A mensagem em si depende do objetivo do jogo, porém, como já foi dito, elas costumam seguir uma dessas categorias:
Promover um produto ou marca (Advergames);
Conscientizar sobre uma causa social ou incentivar hábitos saudáveis;
Educar ou treinar os usuários sobre um assunto específico.
Vamos falar sobre cada uma mais a fundo?
Jogo sério baseado em simular um dentista. (Fonte: SlideShare)
O QUE SÃO ADVERGAMES?
Jogos sérios feitos para publicidade, ou advergames, como são chamados, são cada vez mais populares. Anúncios costumam ser vistos, principalmente pelos jovens, como algo que interrompe o seu prazer. Eles representam a pausa no meio do seu episódio favorito ou o tempo de espera para que você possa começar uma nova partida do seu jogo de celular. Os advergames, no entanto, os tiram desse papel, transformando a própria propaganda no entretenimento. Isso permite que os jogadores não só prestem atenção na marca como também criem uma relação positiva com ela.
Capturando a atenção
Ultimamente, a atenção das pessoas está cada vez menor. Somos bombardeados com informações de forma tão rápida que focar em algo fica cada vez mais difícil. E isso é especialmente verdade quando se trata de propagandas. Mas os advergames conseguem quebrar essa barreira. Dan Ferguson, fundador e vice-presidente de serviços interativos do Blockdot, um estúdio de entretenimento interativo e de tecnologia de propaganda em Dallas, diz:
Se você conseguir engajar alguém por 5 a 10 minutos, isso é uma grande façanha, mas através do jogo, especialmente o jogo eficaz, vimos pessoas capazes de gastar 45 minutos a uma hora jogando e, em seguida, a mesma pessoa voltar de 5 a 10 vezes.
- Dan Ferguson
Além disso, já espera-se que jogos tenham uma narrativa, e essa é uma ótima forma de expor a identidade de uma marca. Podemos usar como exemplo O Resgate dos Bichos, um advergame brasileiro feito pela Continuum Entertainment para promover a rede de restaurantes McDonald’s. Nele, Ronald, o famoso palhaço da lanchonete, segue em uma aventura para salvar seus amigos de uma bruxa má.
Cena do advergame O resgate dos Bichos (Fonte: Blog Spoiler Cultural)
Logo no começo, o jogo já retrata Ronald, isso é, o próprio McDonald’s em si, como um ótimo companheiro, que está disposto a se colocar em perigo para salvar seus amigos. Não só isso, como seus amigos são animais, promovendo uma visão de que a marca apoia a natureza. Além disso, eles estavam planejando uma festa. Antes mesmo do jogo começar, ele já caracteriza o restaurante como divertido, ecológico e leal.
O jogo foi um sucesso, continuando na memória de muitos até hoje. E ainda tem um último detalhe: para receber o jogo era preciso comprar um lanche antes. Você já pode imaginar as filas crescendo quando o jogo ficou popular, não é mesmo?
Percebeu o poder de um advergame? Não é à toa que a gamificação para publicidade e marketing costuma ocupar um módulo inteiro da graduação ou da pós-graduação nos cursos confiáveis de games!
AdverGame feito para o posto de gasolina Ipiranga. (Fonte: Paraíba Total)
O QUE SÃO JOGOS PERSUASIVOS?
Quando conscientizamos pessoas sobre um problema, seja ele social, político ou de saúde, estamos tentando convencê-las a se importar com esse problema e acreditar em sua relevância. Jogos sérios persuasivos têm como objetivo exatamente o que o nome implica: persuadir. Os jogos podem, até um certo ponto, influenciar o jogador. Há diversas formas de usar isso para algo positivo, seja para chamar atenção a uma causa como racismo, incentivar uma pessoa a alterar sua dieta para algo mais saudável ou qualquer outro motivo.
Jogos persuasivos educativos
Muitos desses jogos, principalmente os que focam em problemas sociais, costumam ser também educativos, afinal a melhor forma de conscientizar alguém é através da informação. A desenvolvedora Conexão Play, por exemplo, possui diversos jogos educativos que têm o propósito de, nas palavras da empresa, “incentivar a reflexão e promover mudanças de comportamentos” em relação a diversas temáticas sociais. Seus projetos, apesar de serem chamados de jogos educativos, são feitos com o objetivo primário de influenciar o jogador, portanto podemos considerá-los como, antes de tudo, jogos sérios persuasivos.
Jogos persuasivos para a saúde
O mesmo se aplica a jogos que focam na saúde do indivíduo. Ao promover um estilo de vida mais saudável o jogo está tentando persuadir o jogador, seja de forma teórica, através da educação, ou prática, através do exercício.
Jogos influenciando na educação nas escolas. (Fonte: Centro de referências em educação integral)
A importância do propósito
Talvez você esteja pensando: de certa forma, todos os jogos sérios são persuasivos. Mas se os jogos persuasivos costumam ter um segundo tipo, como educativo ou para a saúde, eles não deveriam ser só considerados jogos sérios? À primeira vista pode parecer que sim. Contudo, há uma grande diferença entre jogos que são persuasivos e jogos que possuem como objetivo primário a persuasão.
Pode parecer um detalhe bobo, porém essa distinção é essencial para a classificação dos jogos sérios como persuasivos. Por isso é sempre importante lembrar: o que classifica os jogos sérios sempre será o seu propósito primário.
Se analisarmos as diferenças entre os jogos Fitness Boxing Switch, Wii Fit e a série Just Dance, podemos ver de forma mais clara como o propósito afeta o jogo. À primeira vista, todos são jogos que demandam exercício físico, sendo usados por muitas pessoas como uma alternativa à academia. Mas, mesmo podendo ser usados com a mesma finalidade, suas intenções são diferentes.
Just Dance
Em primeiro lugar, Just Dance é um jogo de ritmo, com a diversão do jogador sendo o objetivo primário. Claro que o movimento do jogador é uma mecânica do jogo, mas ele não é o seu foco. Em muitas versões, é possível ganhar o jogo sem nem se mexer.
Fitness Boxing Switch
Já Fitness Boxing Switch, mesmo também sendo um jogo de ritmo, foca no exercício do jogador, possibilitando a escolha de quais músculos fortalecer e até mostrando o gasto de calorias de cada sessão. Apesar do gameplay similar entre os dois, somente Fitness Boxing é um jogo sério, exatamente por conta dessa diferença de intenção.
Wii Fit
Mas aí chegamos no famoso jogo de 2007, Wii Fit, conhecido por ser um dos primeiros jogos digitais com o objetivo de incentivar exercício e uma clara inspiração para o Fitness Boxing Switch. Ele identifica movimento e equilíbrio e oferece vários jogos e atividades para o jogador, todos exigindo exercício. O jogo também foca em exercitar o jogador, mas há uma diferença entre ele e o mais recente para Switch. O Wii Fit possui um objetivo além de simplesmente disponibilizar exercícios para o usuário: ele tenta demonstrar ao jogador a importância de se exercitar, mostrando como isso afeta a sua saúde.
Em outras palavras, o Fitness Boxing Switch foca em se exercitar, enquanto o Wii Fit, no porquê de se exercitar e, por isso, apesar dos dois serem jogos sérios, só o último é um jogo persuasivo.
Partida de Just Dance com vários participantes. (Fonte: Blog KaBuM!)
O QUE SÃO JOGOS EDUCATIVOS?
Também chamados de edutainment – uma união entre educational (educacional) e entertainment (entretenimento) -, os jogos educativos estão cada vez mais populares. O objetivo é autoexplicativo: educar o jogador. Eles não só motivam os alunos e trazem diversão ao aprendizado como também auxiliam no ensino a distância.
Nós no Infnet acreditamos que o ensino tradicional deve ser reinventado e que nem todo aluno é igual e, portanto, o processo individual de aprendizagem deve ser respeitado. Jogos educativos seguem essa mesma filosofia, revolucionando o conceito de aprender. Através deles, o aprendizado deixa de ser uma obrigação e se torna uma atividade prazerosa, resultando em um foco e entendimento maior do aluno.
Exemplo de um jogo educativo, que ensina inglês. (Fonte: Escola brasileira de Games)
Um estudo realizado pela Unesp mostrou que o uso de ferramentas tecnológicas educativas melhora em 32% o rendimento geral dos alunos em matérias como matemática e física. Em alunos com notas menores, o rendimento é ainda maior, de 51%.
O uso de jogos em escolas e cursos é cada vez mais aceito. Há inclusive diversas plataformas, como Kahoot, que permitem que professores criem facilmente jogos personalizados para seus alunos.
Contudo, os jogos educacionais não precisam ser restritos às salas de aula. De acordo com a Pesquisa Game Brasil 2020, eles estão entre as categorias de jogos mais jogadas em smartphones e tablets. Pra quem deseja se inserir no mercado de jogos, essa é uma informação valiosa para se ter em mente.
Em resumo, o uso de jogos na educação é uma forma de manter o processo de aprendizagem como um exercício criativo e divertido! Os games engajam os alunos e cada vez mais se consolidam na educação.