Então você realmente está interessado em seguir a carreira em game design? Em outros textos, falamos sobre a faculdade de game design, as áreas profissionais de jogos digitais e como está o mercado nacional de jogos. Agora é a hora de entender o que é preciso para fazer jogos digitais.

Ferramenta para fazer jogos

Processo de criação de um jogo na Unreal, ferramenta de jogos 3D (Fonte: Crie Seus Jogos)

AS 5 ETAPAS BÁSICAS PARA FAZER JOGOS

A criação de um game completo é um trabalho que deve ser meticuloso e que invariavelmente consumirá bastante tempo do desenvolvedor, mesmo que seja um game mais simples. Pode-se dizer que a criação de um jogo eletrônico se divide em cinco grandes etapas: pesquisa, brainstorm, criação de protótipo, testes + quality assurance e implementação.

Pesquisa

É o pontapé inicial de qualquer projeto. Assumindo que o desenvolvedor já tenha em mente que tipo de jogo pretende produzir, é necessário iniciar uma grande pesquisa para garantir a viabilidade do projeto. O responsável precisa saber se determinado gênero possui apelo, e isso pode ser constatado com uma pesquisa de mercado. Afinal de contas, ninguém quer criar um jogo que ninguém tenha interesse em jogar. 

Além disso, ainda durante a pesquisa, o desenvolvedor precisa conhecer mais sobre o tipo de produto que se deseja criar. Por exemplo, um desenvolvedor que deseja criar uma aventura épica que explore os mitos brasileiros invariavelmente precisará conhecer mais sobre o nosso folclore. O mesmo vale para casos em que se explore a mitologia grega ou o folclore japonês.

Ou seja, é necessário fazer uma pesquisa sobre a ambientação, sobre os conceitos que se quer colocar no game. Um belo exemplo é Sim City, da Maxis. Antes de criar o game, Will Wright pesquisou sobre interações das grandes cidades, saneamento básico, indústria sustentável, políticas públicas etc. 

Brainstorm

Uma vez que a pesquisa foi realizada, é o momento de desenvolver as ideias para fazer um jogo inovador, algo que não seja apenas um “copy – paste”. Seu game precisa ter identidade e é o brainstorm que vai garantir que ele seja único.

Se o jogo for desenvolvido por uma grande equipe, o brainstorm vai conseguir mais ideias do que se for feito por uma única pessoa. Porém, é claro, com isso não queremos dizer que uma única pessoa seja incapaz de ter ideias criativas. O brainstorm, mais do que qualquer coisa, é um confronto de ideias. Um desenvolvedor solitário que tenha uma boa bagagem é capaz de debater consigo mesmo as ideias e conceitos que foram pesquisados

Equipe brainstorming para fazer jogos

Equipe fazendo brainstorm em reunião informal (Fonte: Blog Redbooth)

Protótipo

Uma vez que as etapas de pesquisa e o brainstorm já foram superadas, cabe ao(s) desenvolvedor(es) implementar(em) um protótipo, ou seja, uma versão prévia do jogo.

A ideia do protótipo é parecer com o produto final, porém sem o refinamento da versão final. Ou seja, é hora de tirar as ideias do papel, sentir se o que surgiu no brainstorm vai funcionar ou não. Aqui é o momento de cortar ou adicionar coisas.

Teste e Quality Assurance

Depois de finalizado o protótipo, é o momento de testar o game e garantir a qualidade do produto. Os testes internos vão garantir que o jogo esteja minimamente jogável, já o QA é obtido interna e externamente.

Você vai conseguir melhorar a qualidade do jogo através de feedbacks. A comunidade de jogadores vai querer testar o jogo e certamente dará valiosos feedbacks que tornarão a experiência de jogo melhor. Independente de ser um jogo digital ou analógico, é fundamental deixar outras pessoas terem contato com o game. Interaja com sua comunidade, com seus amigos, parentes e outros desenvolvedores.

Ah! E nunca subestime a importância de demos e versões alpha e beta do seu produto. Alguns títulos de sucesso, como PUBG, ficaram anos em versões beta. 

Implementar

Podemos chamar essa fase apenas de “polir”. Após conquistar feedbacks da comunidade e entender a diferença entre o que pode e o que deve ser mudado, é hora de modelar o jogo, adequá-lo para fazer com que ele satisfaça as expectativas da comunidade.

Mas fique atento: nem todas as sugestões melhorarão o game. Cabe ao desenvolvedor mudar apenas o que faz sentido mudar, pois mecânicas básicas não necessariamente significam jogo chato. Afinal de contas, um determinado jogador pode preferir RPGs de ação, enquanto outro gosta mais de batalhas por turno. Jamais tente consertar o que não está quebrado. 

TIPOS DE JOGOS: DIGITAL x ANALÓGICO

Jogo analógico de tabuleiro

Jogo analógico com mapa e peças para serem posicionados (Fonte: Amazon BR)

Agora que já falamos sobre as etapas de produção de um jogo, que tal falar sobre os tipos de jogos? Primeiramente é importante dizer que os jogos se dividem entre digitais e analógicos.

Os jogos digitais são aqueles em que você utiliza equipamentos eletrônicos para interagir com o que acontece na tela da TV ou do computador. Esses jogos são os famosos videogames e possuem uma variedade de gêneros, podendo ser de corrida, luta, RPG, aventura, plataforma, terror etc.

Já os jogos analógicos dispensam o uso de eletrônicos para interagir, sendo eles Card games (Uno, Magic, YuGi-Oh) e board games (War, Monopoly, Banco Imobiliário). Aqui no Brasil existem produtoras especializadas nesses estilos e que possuem grande relevância no cenário internacional.

FERRAMENTAS PARA FAZER JOGOS

A programação de um jogo digital é realizada através de engines, softwares dedicados a facilitar a criação de jogos. Essas engines geralmente podem ser utilizadas mediante a aquisição de licenças que são pagas aos seus desenvolvedores. Entretanto, já existem soluções gratuitas para fazer jogos. Estas, porém, são mais limitadas, embora possam ser utilizadas para a criação de jogos completos.

Algumas das engines mais utilizadas na atualidade são, entre outras:

  • UnrealEngine
  • CryEngine
  • Java3D
  • Unity

Antes de escolher qual motor de jogo é mais adequado, o desenvolvedor deve ficar atento às questões de custo x benefício e às limitações de cada engine. Além disso, é necessário saber lidar com as nuances de cada uma das linguagens de programação. Os grandes estúdios costumam desenvolver suas próprias engines para poupar custos de licenciamento e facilitar futuras versões de uma determinada franquia. Veja a franquia Battlefield, por exemplo, que atualmente é toda criada com base na engine Frostbite, da própria EA. 

Ferramenta de criação de jogos Unity

Uma das ferramenta de criação de jogos mais usadas no mercado, a Unity (Fonte: Polycarbon Games)

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRODUTORAS INDIES
E AAA?

Basicamente a diferença entre um jogo indie e um game grande é a dimensão por trás de quem o produziu.

Jogos indies, também chamados independentes, são aqueles criados por pequenas equipes, com orçamentos menores e sem apoio ou interferência de grandes editores.

Já os jogos AAA são aqueles criados pelos grandes players da indústria. Esses contam com orçamentos gigantescos e sofrem fortes interferências durante o desenvolvimento por parte de quem está financiando o projeto. Há de se convir que mesmo as grandes produtoras da atualidade como EA, Konami ou Nintendo, porém cresceram bastante e hoje definem como serão os jogos criados por seus inúmeros estúdios. 

Jogo indie Celeste

Capa do jogo Celeste, um jogo indie lançado em 2018 (Fonte: Blog Games Alheios)

Mais autonomia x Mais financiamento

Produtoras indies possuem mais autonomia e por isso são capazes de fazer jogos extremamente criativos, apesar de mais modestos. Os jogos indie conquistam público com o marketing boca a boca e divulgação por redes de amigos, pois seus criadores não podem contar com orçamentos gigantescos para o marketing.

os games AAA aparecem com frequência nos grandes eventos como E3 e Tokyo Game Show, contam com elaboradas campanhas de marketing e com um grau de refinamento gráfico impossível de se conseguir por pequenos produtores. 

Mudança de paradigma

Os jogos indies têm conquistado forte apelo do público, ao mesmo tempo em que as grandes empresas encontram dificuldade em fazer jogos grandes e lançá-los com mais frequência. A indústria se deu conta disso, e hoje os jogos indies tem recebido apoio dos grandes players, figurando nas lojas online da Microsoft, Sony e Nintendo. A novidade, porém, é que nesses casos as grandes empresas não estão interferindo no processo criativo.

Os jogos Cuphead e Ori, por exemplo, tiveram bastante destaque no Xbox, ainda que não tenham sido desenvolvidos por estúdios da própria Microsoft. Isso pode ser um sinal de que, cada vez mais, possa ser possível combinar financiamento e autonomia.

 

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